Esôfago de Barrett

O que é?

Em 1950, Norman Barrett descreveu uma anormalidade na parede do esôfago e a batizou com seu nome – Esôfago de Barrett (EB). Ele acreditava se tratar de uma doença congênita, ou seja, a pessoa já nascia com ela. Hoje sabemos que a grande maioria das vezes é uma manifestação da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Há descrição em neonatos e pacientes com doença metabólica sem DRGE com EB.

Vale ressaltar que as pessoas que possuem EB estão mais propensas à desenvolver neoplasia no esôfago. Isto é o que motiva a atenção especial dos médicos a portadores nesta doença, seja para o tratamento adequado e acompanhamento satisfatório.

Como ocorre o Esôfago de Barrett?

Trata-se da substituição do tipo de epitélio que reveste a parede do esôfago. Normalmente este epitélio é estratificado (várias camadas de células protegendo o esôfago) que é substituído por um epitélio simples, tipo intestinal, caracterizando a metaplasia (mudança do tipo de revestimento da parede do esôfago). As células que formam a coluna epitelial de Barrett são parecidas com o cólon, intestino delgado e estômago.

Como diagnosticar o Esôfago de Barrett?

Endoscopia e biópsia são fundamentais para o diagnóstico.

O tecido vermelho (epitélio) que cobre o estômago (mucosa gástrica) termina e a mucosa rosada do esôfago demarca nitidamente junção entre estômago e esôfago. No EB, essa separação citada ocorre acima desta demarcação, ou seja, encontra-se dentro do esôfago. Isso chama metaplasia, mudança do epitélio de revestimento da víscera oca.

A endoscopia é realizada também para diagnosticar possíveis complicações da doença do refluxo gastroesofágico, por exemplo, inflamação, erosão, úlcera e estreitamento do esôfago.

Para o diagnóstico do EB é fundamental que haja a correlação entre a alteração endoscópica e o resultado da biópsia compatível com a metaplasia. Este resultado é fornecido pelo médico patologista.

A endoscopia com biópsia é também recomendada porque através dela seu médico pode diagnosticar a displasia e câncer (neoplasia maligna) que podem estar presentes neste epitélio. O diagnóstico de displasia e neoplasia exige consenso por pelo menos dois médicos patologistas para evitar erro diagnóstico.

Como diminuir a possibilidade de complicações do Esôfago de Barrett a neoplasia no esôfago?

O controle da DRGE é fundamental para evitar outras complicações no esôfago como erosões, úlceras e estreitamentos.

Sabemos que o risco de câncer é real e pode aumentar devido ao uso de cigarro, ingestão de bebidas alcóolicas e alimentação inadequada.

Quanto maior a extensão (medida em centímetros e do acometimento circunferencial do esôfago) e a presença de displasia na biópsia, maior a chance de neoplasia no esôfago.

O que é displasia?

A displasia acontece quando há uma alteração "anormal" na divisão ou no agrupamento das células aumentando a possibilidade de neoplasia. O grau de displasia é que vai determinar a severidade do problema. A presença de displasia exige reavaliação frequente e algumas vezes tratamento específico.

E a inflamação? Ela pode atrapalhar o diagnóstico da displasia?

A inflamação pode ser confundida com a displasia. Todo paciente com inflamação intensa deve fazer nova endoscopia após uso de medicação para DRGE.

Qual o tratamento mais recomendado para a doença de Barrett?

Objetivos do tratamento dessa doença são:

• Controle dos sintomas da DRGE (azia, regurgitação, dor torácica, etc.);

• Diagnosticar precocemente e/ou prevenir a evolução do quadro para uma neoplasia;

• Eliminar a epitélio de Barrett em pacientes com displasia ou neoplasia.

Controle dos sintomas

Os medicamentos conhecidos como omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, rabeprazol e esomeprazol são os mais indicados no controle destes sintomas.

Pacientes assintomáticos também devem receber medicação.

Casos selecionados podem ser propostos um tratamento cirúrgico conhecido como cirurgia antirefluxo (fundoplicatura).

Como eliminar o Esôfago de Barrett?

Hoje em dia, existem diversas técnicas que eliminam o EB, porém são indicadas apenas quando há displasia associada. A técnica mais eficaz na eliminação deste epitélio é conhecida como dissecção endoscópica da submucosa. Esta técnica pode estar indicada em casos de câncer precoce associado ao EB, porém cirurgia com remoção do esôfago pode ser necessária se o diagnóstico de neoplasia associada ao EB for diagnosticado tardiamente.

Como fazer o controle endoscópico do Esôfago de Barrett para dianóstico de displasia e neoplasia?

Quando os pacientes tiverem o diagnóstico de EB já estabelecido e o tratamento clínico ou cirúrgico definido, todos devem ser acompanhados com endoscopia. A tabela abaixo mostra a diretriz da Associação Americana de Gastroenterologia (AGA):

Esôfago de Barrett Recomendações
Sem displasia Endoscopia a cada dois ou três anos
Com displasia de baixo grau O exame de endoscopia deve ser feito de seis em seis meses, mas, se o resultado for negativo, o procedimento pode ser realizado uma vez por ano.
Com displasia de alto grau Dependendo do caso, uma ressecção endoscópica ou cirúrgica pode ser recomendada ou em casos selecionados apenas endoscopia a cada três meses.

Resumindo

O Esôfago de Barrett consiste em uma metaplasia, ou seja, uma mudança do revestimento do esôfago.

Em geral o tratamento é o mesmo da Doença do Refluxo Gastroesofágico clássico com uso de medicação ou cirurgia antirefluxo em casos selecionados.

Em todos os pacientes com doença confirmada e independente do tratamento clínico ou cirúrgico recomenda-se endoscopia e biópsia regularmente.

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