Em 1950, Norman Barrett descreveu uma anormalidade na parede do esôfago e a batizou com seu nome – Esôfago de Barrett (EB). Ele acreditava se tratar de uma doença congênita, ou seja, a pessoa já nascia com ela. Hoje sabemos que a grande maioria das vezes é uma manifestação da Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE). Há descrição em neonatos e pacientes com doença metabólica sem DRGE com EB.
Vale ressaltar que as pessoas que possuem EB estão mais propensas à desenvolver neoplasia no esôfago. Isto é o que motiva a atenção especial dos médicos a portadores nesta doença, seja para o tratamento adequado e acompanhamento satisfatório.
Trata-se da substituição do tipo de epitélio que reveste a parede do esôfago. Normalmente este epitélio é estratificado (várias camadas de células protegendo o esôfago) que é substituído por um epitélio simples, tipo intestinal, caracterizando a metaplasia (mudança do tipo de revestimento da parede do esôfago). As células que formam a coluna epitelial de Barrett são parecidas com o cólon, intestino delgado e estômago.
Endoscopia e biópsia são fundamentais para o diagnóstico.
O tecido vermelho (epitélio) que cobre o estômago (mucosa gástrica) termina e a mucosa rosada do esôfago demarca nitidamente junção entre estômago e esôfago. No EB, essa separação citada ocorre acima desta demarcação, ou seja, encontra-se dentro do esôfago. Isso chama metaplasia, mudança do epitélio de revestimento da víscera oca.
A endoscopia é realizada também para diagnosticar possíveis complicações da doença do refluxo gastroesofágico, por exemplo, inflamação, erosão, úlcera e estreitamento do esôfago.
Para o diagnóstico do EB é fundamental que haja a correlação entre a alteração endoscópica e o resultado da biópsia compatível com a metaplasia. Este resultado é fornecido pelo médico patologista.
A endoscopia com biópsia é também recomendada porque através dela seu médico pode diagnosticar a displasia e câncer (neoplasia maligna) que podem estar presentes neste epitélio. O diagnóstico de displasia e neoplasia exige consenso por pelo menos dois médicos patologistas para evitar erro diagnóstico.
O controle da DRGE é fundamental para evitar outras complicações no esôfago como erosões, úlceras e estreitamentos.
Sabemos que o risco de câncer é real e pode aumentar devido ao uso de cigarro, ingestão de bebidas alcóolicas e alimentação inadequada.
Quanto maior a extensão (medida em centímetros e do acometimento circunferencial do esôfago) e a presença de displasia na biópsia, maior a chance de neoplasia no esôfago.
A displasia acontece quando há uma alteração "anormal" na divisão ou no agrupamento das células aumentando a possibilidade de neoplasia. O grau de displasia é que vai determinar a severidade do problema. A presença de displasia exige reavaliação frequente e algumas vezes tratamento específico.
A inflamação pode ser confundida com a displasia. Todo paciente com inflamação intensa deve fazer nova endoscopia após uso de medicação para DRGE.
Objetivos do tratamento dessa doença são:
• Controle dos sintomas da DRGE (azia, regurgitação, dor torácica, etc.);
• Diagnosticar precocemente e/ou prevenir a evolução do quadro para uma neoplasia;
• Eliminar a epitélio de Barrett em pacientes com displasia ou neoplasia.
Os medicamentos conhecidos como omeprazol, pantoprazol, lansoprazol, rabeprazol e esomeprazol são os mais indicados no controle destes sintomas.
Pacientes assintomáticos também devem receber medicação.
Casos selecionados podem ser propostos um tratamento cirúrgico conhecido como cirurgia antirefluxo (fundoplicatura).
Hoje em dia, existem diversas técnicas que eliminam o EB, porém são indicadas apenas quando há displasia associada. A técnica mais eficaz na eliminação deste epitélio é conhecida como dissecção endoscópica da submucosa. Esta técnica pode estar indicada em casos de câncer precoce associado ao EB, porém cirurgia com remoção do esôfago pode ser necessária se o diagnóstico de neoplasia associada ao EB for diagnosticado tardiamente.
Quando os pacientes tiverem o diagnóstico de EB já estabelecido e o tratamento clínico ou cirúrgico definido, todos devem ser acompanhados com endoscopia. A tabela abaixo mostra a diretriz da Associação Americana de Gastroenterologia (AGA):
Esôfago de Barrett | Recomendações |
---|---|
Sem displasia | Endoscopia a cada dois ou três anos |
Com displasia de baixo grau | O exame de endoscopia deve ser feito de seis em seis meses, mas, se o resultado for negativo, o procedimento pode ser realizado uma vez por ano. |
Com displasia de alto grau | Dependendo do caso, uma ressecção endoscópica ou cirúrgica pode ser recomendada ou em casos selecionados apenas endoscopia a cada três meses. |
O Esôfago de Barrett consiste em uma metaplasia, ou seja, uma mudança do revestimento do esôfago.
Em geral o tratamento é o mesmo da Doença do Refluxo Gastroesofágico clássico com uso de medicação ou cirurgia antirefluxo em casos selecionados.
Em todos os pacientes com doença confirmada e independente do tratamento clínico ou cirúrgico recomenda-se endoscopia e biópsia regularmente.
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