Todos nós produzimos gases intestinais e eles precisam ser eliminados. A quantidade produzida varia de pessoa para pessoa e existe uma quantidade que podemos classificar como "normal". O que acreditamos ser uma produção normal de gases é aquela que não causa desconforto ou não gera nenhum tipo de problema ao paciente.
Os gases que encontramos nos órgãos do sistema digestivo – esôfago, estômago, intestino delgado e grosso – chegam até eles de duas formas:
1) Quando engolimos ar (aerofagia)
2) Quando ingerimos alimentos que são fermentados pelas bactérias da microbiota intestinal.
O ato de engolir ar é conhecido como aerofagia e é uma das principais causas do acúmulo de gases no estômago. Todo mundo engole uma certa quantidade de ar quando ingere alimentos sólidos ou líquidos, principalmente quando comemos ou bebemos muito rápido, conversamos enquanto ingerimos alimentos, mascamos chicletes, fumamos e quando aparelhos ortodônticos ou dentaduras não estão devidamente encaixados na arcada dentária.
Eructar (arrotar) é uma das formas mais comuns de eliminar os gases estomacais. O gás que não é eliminado através do arroto vai para o intestino delgado onde é parcialmente absorvido. O restante se dirige para o intestino grosso para ser liberado na forma de flatus através do reto.
Os gases são produzidos quando uma certa quantidade de alimento é digerida naturalmente por bactérias no intestino grosso. Essas bactérias atuam sobre carboidratos como açúcares, amido, celulose e fibras que podem ser encontradas em muitos alimentos.
A quantidade e tipo de gás produzido dependem das bactérias que podem ser encontradas no cólon. Há uma seleção exclusiva de bactérias para cada indivíduo. Um tipo de alimento pode servir como substrato para produção de gases em um indivíduo e em outro, não.
Eructação, náuseas, borborigmo (ruídos pelo deslocamento dos gases), flatulência, distensão e dor abdominal.
Hidrogênio, metano, dióxido de carbono, oxigênio e nitrogênio.
A maioria dos alimentos que contém carboidratos. Gorduras e proteínas produzem poucos gases, mas algumas proteínas podem intensificar o odor do gás.
Rafinose – o feijão e a vagem contêm grande quantidade desse carboidrato. Ele está presente em menor quantidade no repolho, couve, brócolis, aspargos, outros vegetais e alguns grãos.
Lactose – é o carboidrato encontrado no leite e em seus derivados – queijo, sorvete, iogurte e molhos para salada. Muitas pessoas, principalmente os afrodescendentes e asiáticos, produzem menos lactase, enzima responsável pela digestão da lactose. Com o envelhecimento, a produção de lactase diminui progressivamente e a digestão da lactose vai ficando comprometida.
Frutose – esse carboidrato está presente em diversas frutas, na cebola, na alcachofra e vários outros legumes. A frutose é também usada para adoçar refrescos e sucos de fruta.
Sorbitol – esse carboidrato pode ser encontrado nas frutas (maçã, pera, pêssego, uva e ameixa). É também usado como adoçante artificial em doces e chicletes sem açúcar.
Amidos batata, cereais, macarrão e trigo produzem gases. O arroz é um único alimento que não produz.
Fibras as fibras são ricas em carboidratosque não são digeridos pelo intestino delgado e isso faz com que cheguem no cólon praticamente intactos. No cólon, bactérias específicas fermentam essas fibras, provocando o aumento de gases.
A fibra solúvel se dissolve em água e se transforma em uma espécie de gel. Ela pode ser encontrada no farelo da aveia, cevada, nozes, grãos como ervilha e na grande maioria das frutas. Metilcelulose é uma fibra semissintética. Ela é solúvel e também forma um gel, porém não fermenta. O gel absorve líquido e adiciona volume (massa) às fezes.
A celulose é um exemplo de fibra insolúvel e pode ser encontrada em legumes, sementes e grãos, na raiz de alguns vegetais, farelo de trigo, milho.
A solubilidade e a fermentação de cada tipo de fibra influenciam em sua ação no nosso aparelho digestivo. Uma proporção adequada entre fibras solúveis e insolúveis pode diminuir os efeitos colaterais e ajudar no funcionamento intestinal. O aumento súbito da ingestão de fibras pode causar sintomas gastrointestinais. Os sintomas variam de acordo com a quantidade e o tipo de fibra ingerida pelo paciente e conforme a microbiota intestinal de cada um. Por isso, frente a necessidade de suplementos de fibras, o médico pode indicar diferentes tipos de produtos.
Para controlar o desconforto causado pelo excesso de gases é preciso que o paciente evite a aerofagia, mude sua dieta e tome medicamentos. O paciente, também, deve evitar carboidratos e vegetais que fermentam, por exemplo, feijão, vagem, brócolis, repolho, couve e alguns açúcares como sorbitol que pode ser encontrado nos chicletes, em doces e alguns sucos industrializados. Aqueles que são intolerantes à lactose devem evitar leite e seus derivados ou utilizar a lactase.
O álcool pode alterar o odor dos gases produzidos.
Tente manter uma dieta saudável e identifique os alimentos que podem lhe causar sintomas por aumento da produção de gases ou que afete o odor dos gases. Testes respiratórios para identificar intolerância aos carboidratos ajudam na definição da dieta, evitando restrições desnecessárias. A dieta indicada é sempre individualizada, pois depende de quanto este ou aquele alimento interfere na quantidade de gases.
A presença de disbiose (alteração da microflora intestinal) pode ser diagnosticada também pelo teste respiratório e indicar o controle deste supercrescimento bacteriano no intestino delgado quando presente. Atividade física facilita a eliminação de gases, evitando a retenção.
Existem medicamentos que podem ajudar a diminuir os sintomas. Enzimas que ajudam na digestão, como a lactase que quebra a lactose e permite o consumo de leite e seus derivados.
Dimeticona ajuda a romper bolhas de gás que estão no estômago e assim elas podem ser expelidas através da eructação. Este medicamento não atua nos gases intestinais.
Se acrescentarmos a lactase ao leite antes de beber ou se a tomarmos imediatamente antes de comer, diminuiremos muito a possibilidade de sintomas desencadeados por produtos lácteos.
Beano é uma enzima (alfa-galactosidase).
Esta enzima pode auxiliar na digestão, pois é capaz de digerir aqueles carboidratos que não temos a capacidade de metabolizar (ex.: rafinose). Este carboidrato está presente no feijão, vagem e em outros vegetais. Altas temperaturas prejudicam a atuação dessa enzima, por isso, ela não deve ser adicionada à comida quando esta está sendo preparada.
Qual o tratamento recomendado para pacientes com problemas crônicos?
Evitar chicletes (especialmente os dietéticos) e o tabagismo. Ingerir líquidos e alimentos mais devagar, evitar conversar enquanto se alimenta e verificar com um especialistas se a prótese dentária ou o aparelho ortodôntico estão devidamente ajustados em sua arcada dentária.
• Feijão e vagem.
• Vegetais (alcachofra, aspargos, brócolis, repolho, couve, couve-flor, pepino, pimentão, cebola, rabanete, aipo cenoura).
• Grãos, sementes e farelos de cereais devem ser consumidos de forma moderada.
• Bebidas com gás podem ser consumidas após ficaram abertas por horas para reduzir a quantidade de gás carbônico.
• Leite e seus derivados, exceto com o uso de lactase.
• Alimentos que contém sorbitol, como alimentos dietéticos, doces e chicletes.
• Vinho e cerveja.
Álcool, aspargos, feijão, vagem, repolho, couve, frango, café, pepino, ovo, peixe, alho, nozes, cebola, ameixa, rabanete e alimentos defumados.
Carne, aves, peixe, ovos, vegetais (alface, tomate, abobrinha, quiabo), algumas frutas (uva, cereja, banana, mamão), pão sem glúten e arroz.
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